ImpossÃvel seria narrar o histórico da Frigopesca sem contar a trajetória histórica de seu fundador, Manoel Rodrigues da Silva, o Manoel Chicó.
Manoel Rodrigues nasceu em 9 de outubro de 1938, no lugar denominado Veneza, no rio Juruá, zona rural do municÃpio de Itamarati. Filho mais velho de Raimundo Rodrigues da Silva e Iolanda Marques da Silva. Desde sua infância, já trazia consigo os traços de um vasto crescimento nato da natureza humana, com rica bondade e conhecimento da ciência tradicional. Com o espÃrito criativo e inovador, cresce ao lado do pai pescador e seringueiro, onde aprendeu muito ao lado dele, mesmo o tendo perdido aos dez anos de idade ("Cresceu dentro de mim uma grande responsabilidade de ajudar minha mãe, a criar meus irmãos, Dice, Maria, Jacira, Francisca e José. Tinha comigo a imagem de meu pai, homem branco, forte, trabalhador." Manoel Rodrigues).
A professora de Manoel Rodrigues foi sua mãe. Aprendeu a ler e escrever, e suas leituras sempre foram orais, quantas vezes poeta e prosador, sem colocar nada no papel. Contar, somar, dividir e multiplicar sempre soube na ponta da lÃngua, de cabeça. Para falar a verdade, todos os seus amigos acreditavam e respeitavam que ele era mesmo inteligente, mesmo sem ter tempo para ir à escola. Sua mãe, já em seu segundo casamento, com mais quatro filhos, Raimunda das Graças, Francisco, Antonieta e Benedito, faziam um total de dez irmãos. ("A missão era grande, e nesta ciranda da vida éramos felizes, tÃnhamos muita fartura. Da safra do milho, farinha, arroz e feijão estocávamos tudo em barricas empalhadas de um ano para o outro, e vendÃamos muitos frangos, verduras e ovos. Pescava, cortava seringa, sempre levava uma de minhas irmães para ajudar. Com a poronga na cabeça, balde e faca na mão fazÃamos toda a estrada do seringal e na volta colhÃamos o leite. Durante o dia pescava e por não conseguir sozinho puxar o peixe, amarrava a linha na canoa, usando os dons da inteligência própria." Manoel Rodrigues).
Aos 19 anos de idade Manoel Rodrigues saiu do rio Juruá. Começando uma nova vida na beira do rio Solimões, na comunidade Supiá, próximo de Manacapuru. Com a nova vida, foi agricultor, trabalhando na roça. Trabalho árduo e pesado, colhia sua própria produção, que era milho, mandioca, feijão, banana e verduras. Colocava sua produção na sua canoa, construÃda por seu avô e vendia a mesma em Manacapuru. Comprava seu rancho e acreditava em um futuro, sonhava ser um grande comerciante da região.Trabalhou também com a juta e malva. Fazia a festa, mesmo a fibra não tendo muito valor, enchia batelões e vendia sua produção para a fábrica Brasiljuta.
Quando tinha 22 anos, se apaixonou por uma moça muito bonita e jovem, com quem se casou e teve cinco filhos: Raimundo, Francisco Carlos, Sebastião, Vanderlan e Fábio. Pensando no futuro de seus filhos, mudou-se para a cidade de Manacapuru. Hoje seus filhos são empresários, todos dirigindo seus próprios negócios.
Depois de comprar seu primeiro barco, um motor pequeno, fez muitas viagens pelos arredores do municÃpio, comprando e revendendo produtos. Iniciando sua criação de gado, em poucos anos já se destacava como umdos principais pecuaristas da região. Abastecia o mercado consumidor de Manacapuru, com carne de boa qualidade. Sempre respeitado por honrar seus compromissos, destacava-se cada vez mais como um homem sério e trabalhador.
Manoel Rodrigues adquiriu várias propriedades para expandir sua criação de gado. A Fazenda 25 de Dezembro, conhecida popularmente como Calado, tornou-se o xodó de Manoel Rodrigues, na qual passou a investir para melhorar sua estrutura. Entretanto, não deixou suas origens de lado, criando galinhas, patos, e plantando mandioca, milho e verduras, entre outros. Em toda a sua trajetória, utilizou as águas dos rios amazônicos como estradas e os barcos que possuiu o ajudaram a transportar sua criação de gado das terras férteis da várzea para terras firmes, nos perÃodos das cheias dos rios.
Todos os anos Manoel Rodrigues realizava em sua fazenda os festejos em homenagem a São Francisco, e que era tradição de sua famÃlia, de longas datas. Realizava nos dias 2, 3 e 4 de outubro uma grandiosa festa que reunia devotos de todos os lugares. Servia um grandioso almoço para todos os presentes. Até hoje os festejos de São Francisco são lembrados com saudades. Atualmente é realizada apenas a parte religiosa em sua residência.
Comerciante forte com vários barcos, flutuante e fazenda, dominava tudo com muito equilÃbrio. Com fé em Deus, Manoel Rodrigues não tem medo de trabalho e administra seus negócios com braço forte. Iniciou, então em um novo ramo, a compra e venda de peixes e a venda de gelo em escama. Para isso, Manoel Rodrigues precisava de um lugar com a mÃnima infra-estrutura para começar. O Dr. Mário Guerreiro decide vender a então fábrica BrasilJuta, área a margem esquerda do rio Solimões, no municÃpio de Manacapuru. Manoel Rodrigues, antigo fornecedor de fibras para a fábrica, na qual sempre honrou seus compromissos, teve a preferência na compra. Então tendo algumas economias e vendendo alguns bens, investiu na compra com sucesso. Reformou parte da fábrica e deu o nome de Frigopesca - FrigorÃfico de Pescado da Amazônia.
